quarta-feira, 15 de julho de 2009

Desmundos




Eu criei os meus próprios deuses
Inventei meus próprios gênios
galileu, são sebastião, arquimedes, joana d´arc...
desconheço esses limites.
Não entendo mais a língua dos homens
Tampouco compreendo a língua dos anjos.
Inventei meu próprio dialeto
E virei a esquina da dialética.
Pari um monte de personagens esquizofrênicos
e dei de comer a cada um deles.

Nasci do sexo dos vagabundos,
Comi das flores nas estradas,
Nunca caminhei no tempo da história...
Sei que fui libertina,
que estuprei a geografia,
anarkisei a ortografia,
e que engravidei do irmão de Sofia.

Noutro dia, ganhei na loteria
Mas fiquei feliz por ter pedido o bilhete.
Pois o tempo que eu levaria para abrir uma conta bancária...
Eu vi o nascer do sol, fui pra praia com as crianças,
plantei umas árvores, almocei com amigos,
visitei meus irmãos, me masturbei, amei,
depois tomei banho de chuva, li todos os poemas pixados nos muros...
E no fim do dia,
...ainda tive noticias do irmão de Sofia!

Cátia Cernov

Sementes de Fractais

O universo gira e transpira,
Dessa energia germinam as formas.
As flores são criaturas desses padrões,
Geometrias que buscam equilíbrio no caos
Foram forjadas no vácuo,
Depois brotaram das espirais das galáxias.
E, feito uma chuva de fractais,
Caíram nos jardins do planeta...
Foi numa tarde de horizonte laranja
Um céu de pétalas púrpuras
Pólens violetas
Sementes de cristal
Gotas de chuva em dias de sol...

Aqui, vivem a aventura dos ventos
Fecundam os vãos do acaso
São mensageiras das intenções do universo.
E, como a Rosa de Jericó,
nascem e morrem num mesmo instante

“Que mente suprema comanda essa eternidade?
Que inteligência ironiza essa transitoriedade?”...
ficam os homens a pensar.

Mas as flores, livres da necessidade de verdade,
E por não possuírem qualquer concepção de tempo,
Desabrocham... indiferentes ao sentido que fazem.
Catia Cernov

Cidade Industrial

Houve um tempo,
quando os profetas ainda caminhavam por aqui
enquanto as corujas eram azuis
e shiva ainda dormia,
que a cidade era de luz.


Houveram outros tempos,
em que os gregos eram filosofos
quando os deuses eram pagões,
depois se tornaram historia
porque o imperador assim desejou,
e a cidade era de pedra.



Nesses tempos,
quando o profeta do capital teve seus primeiros delírios
enquanto as borboleta violetas são tóxicas
e os homens se tornaram mercadorias,
a cidade é de néon ...