segunda-feira, 16 de maio de 2011

Crianças Piratas







Era uma vez um quintal clandestino:
Camuflado de olhos angulares
Cercado de dentes e mentes armadas
E resguardado por navalhas de carne.
Ali, os sobreviventes da hecatombe da lei,
Reinventavam cercas muros e viadutos paralelos

Nesse quintal não havia culpa, mas também não havia perdão!
Só crianças que precisavam crescer
Roubar, matar e consumir narcóticos.
Todo sonho era distante, toda imaginação era maculada
E se configurava conforme eram as fatalidades da terra.
Então o universo lhes permitiam habitarem as esquinas
Terem seus corpos subnutridos e deformados pela história...

Compartilhavam dos restos, vendiam os sexos
Riam dos bêbados nus e do tempo que nunca passava
Das manchas que brotavam nos pequenos seios.
A treva se prismava de seus olhos piratas
E as mãozinhas empunhavam estiletes de prata:
Reflexos de bichos em estado de sobrevivência...

Nenhum poder havia deixado de ser experimentado
Todo jogo havia sido blefado
As crianças mergulhavam nas pedras de cracks
Desalinhavam a mente pra reinventar paraisos
Depois acordavam famintas
E deliravam brinquedos no asfalto quente...

Nenhuma ascenção e queda os impediam
Ignoravam moral etica
as filosofias
as ciências direito esquerdo
religião e educação
Sequer acordavam antes das dez!
Bastardos descalços,
As crianças brincavam nos pântanos de wall street
Estendiam suas mãos magras á Apolo 11
Depois despencavam nuas dos céus de outdoors...!


Cernov